Sofreu processos militares que se arrastaram por todo o período da ditadura militar. Morreu sem ver restabelecidas, no plano geral, as liberdades civis e democráticas, nem, no plano individual, as suas prerrogativas políticas, o que só veio a ocorrer, postumamente, com o julgamento final dos processos a que respondia, cujas sentenças o inocentaram, concluindo pela sua reabilitação. O Estado reconhece o erro praticado, mas os autores da indignidade permaneceram impunes. No conceito de seus contemporâneos, Jorge Ramos brilhou qual estrela, na sua curta trajetória por este mundo, graças aos dons que lhe foram outorgados, o que lhe vale a coroa de ter sido considerado um dos mais talentosos e preparados filhos de Bragança, um dos maiores expoentes da cultura bragantina.
“Nunca entendi como ódios mesquinhos e mediocridades pressurosas conseguiram trancar a carreira política de Jorge Ramos, uma das mais belas e autênticas vocações de minha geração. Bragança empobreceu e o Pará ludibriou-se com a marginalização e o exílio de Jorge. Nunca vou a Peixe-Boi sem chegar a Capanema para testemunhar a Jorge Ramos o meu constrangimento e a minha revolta pelo que fizeram contra Bragança pensando fazer contra ele”. (Oliveira Bastos, 1974)
“O traço mais forte de sua personalidade creio, seu profundo, minucioso, atento amor à sua cidade. Cultiva com raro carinho e cuidado tudo o que se referia à terra, quer em termos históricos, quer literários. (...) Outra qualidade extraordinária: era um estóico. Por suas ideias pagou, sofreu muito, mas não se carpia. Não que soubesse. A cada encontro nosso, nos tempos de desgraça e desfavor, seu rosto era o mesmo, sereno, sóbrio, quase concentrado, e sempre aquela finura calma, a inteligência ágil, viva, bom poeta que foi.” (Lindanor Celina, 1981)
Cultor das amizades sadias, soube valorizar os amigos, a quem devotou inteira lealdade. Fez de sua vida um instrumento de denúncia, expressão de sua indignação contra as injustiças sociais. Deixou uma vasta produção literária na forma de contos, crônicas, poesias e reportagens jornalísticas de grande repercussão. Casado com D. Maria Margarida da Silva Ramos, gerou quatro filhos: Jorge Maurício, Lilian Lúcia, Adriano Jorge e Saulo Márcio.
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NOTA:
Texto retirado das orelhas do livro "Toda a poesia de Jorge Ramos"
Referência
Ramos, Jorge Daniel de Souza,1927 - 1981. Toda a poesia de Jorge Ramos. Organização de Celso Luiz Ramo de Medeiros.- Brasília: C.L.R. de Medeiros, 2010.
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